A vila de São Jorge dos Ilhéus foi fundada no século XVI, mas não se tem a data exata da sua fundação. O ano de 1534, que comemoramos, corresponde à data da assinatura da carta de doação da Capitania Hereditária de Ilhéus, feita pelo Rei de Portugal, D. João III, ao fidalgo português, Jorge de Figueiredo Correia.
O dia 28 de junho, dia em que se comemora o aniversário da cidade, corresponde ao dia em que aconteceu a elevação da vila à categoria de cidade.
De acordo com o livro Noticia Histórica de Ilhéus, do professor Arleo Barbosa, “no dia 4 de junho de 1881 o deputado cônego Manuel Teodolindo Ferreira apresentou à Augusta Assembléia Legislativa Provincial da Bahia o projeto de lei datado de 3 de junho, que elevava a Vila de São Jorge dos Ilhéus à categoria de cidade. Subscreveram o documento os deputados Paranhos Almeida, Vigário Batista, Virgilio de Carvalho, E. Baraúna, Reguião, Áppio Cláudio e Carneiro da Rocha.”
O projeto foi para a Assembléia Legislativa, para ser discutido três vezes como mandava a lei. Ela foi discutida entre os dias 7 e 14 de junho e tomou o número 604. As sessões foram presididas pelo deputado João dos Reis de Souza Dantas. No dia 28 de junho de 1881, através da Lei Provincial nº 2.187, a Assembléia Legislativa Provincial enviou ao Presidente da Província, anexo a um memorando, a Resolução que elevava a Vila de São Jorge dos Ilhéus, à categoria de cidade. A vila permaneceu com o mesmo nome. A Resolução foi assinada por João Lustosa da Cunha Paranaguá, mais tarde, Marquês de Paranaguá.
Quando sabemos desses dados, podemos entender porque o Palácio da Prefeitura se chama Palácio Paranaguá, a Câmara de Vereadores tem o nome de Manuel Teodolindo Ferreira e porque Ilhéus tem uma particularidade que muitas outras cidade não têm: em Ilhéus não houve emancipação política, mas elevação à categoria de cidade, que nunca mudou de nome, apenas de status, passando de vila a cidade.
O Marquês foi “Conselheiro de Estado, senador do Império, Dignatário da Ordem da Rosa, Comendador de São Gregório Magno, Desembargador e Presidente da Província da Bahia”. O cargo de Presidente da Província corresponde ao atual Governador do Estado.
Segundo Silva Campos (p. 262), naquela época, as edificações já se estendiam pela margem ocidental do rio, as vias públicas possuíam largura regular e uniforme, com casas assoalhadas, havendo diversas de gosto moderno, bonitas e de construção bastante sólida. Nesta época já haviam sido construídos alguns sobrados. A população era de pouco mais de mil habitantes. A cidade contava com três igrejas (São Jorge, Vitória e a capela de São Sebastião), duas fontes públicas, 120 casas comerciais e duas farmácias. Naquela época só havia duas escolas primárias na cidade.
Sem a implantação da cacauicultura, Ilhéus certamente não teria se consolidado como cidade, pois até o começo do século XIX, não passava de um pequeno povoado com poucas construções. Mesmo no começo do século XX, a cidade não tinha grande importância, pois quando já havia prosperidade, os primeiros plantadores de cacau moravam nas fazendas, mudando para a cidade só a partir do início dos anos de 1910, quando a cidade se desenvolveu de forma acentuada e foi construído todo o Patrimônio Histórico e Cultural, em que parte permanece até os nossos dias e parte considerável já foi destruído.
O primeiro Intendente da cidade de São Jorge dos Ilhéus, após a elevação à categoria de cidade, foi João Batista de Sá Oliveira, que governou de 1890 até 1892, seguido de Joaquim Ferreira de Paiva, até 1896. Os intendentes que deixaram seus nomes para nossa lembrança são Domingos Adami de Sá, que construiu o Palácio Paranaguá, João Mangabeira, Antonio Pessoa da Costa e Silva, o Coronel Pessoa, Misael Tavares e Mário Pessoa da Costa e Silva. Os intendentes citados são mais conhecidos, o que não significa que tenham sido os melhores; tenho constatado que nossa memória histórica é muito falha. Outro grande governante que tivemos foi Eusinio Gaston Lavigne, começou seu governo como intendente e terminou como prefeito. Outros prefeitos que ficaram na memória histórica foram Arthur Leite da Silveira, Pedro Catalão, Herval Soledade, Henrique Cardoso, Ariston Cardoso, Antonio Olimpio, por duas vezes e Jabes Ribeiro, que chegou neste ano de 2012 ao quarto mandato. Numa próxima matéria citaremos os nomes dos intendentes e prefeitos que omiti nesta.
Quando somos convidados para uma festa de aniversário desejamos tudo de melhor ao aniversariante. Nós, que amamos Ilhéus, desejamos uma cidade mais bonita, mais arrumada, com seu patrimônio histórico reconhecido e valorizado. Desejamos uma cidade melhor para as pessoas que escolheram morar aqui; uma cidade construída pelos governantes, com ampla participação da sociedade.
PARABÉNS ILHÉUS!
Linda matéria e excelente conteúdo. É nossa obrigação relembrarmos o passado histórico, para que os jovens possam conhecê-lo também. Parabéns!