Prédio pertencente ao patrimônio histórico da cidade que necessita de restauração. |
Hoje é um daqueles dias que tenho dificuldades para encontrar o assunto a escrever. Alguns problemas pessoais às vezes interferem, provocando aquilo que se dá o nome de “ruído”, em comunicação.
Há mais de quinze anos tenho me dedicado ao estudo da história de Ilhéus. À medida que o tempo foi passando, cresceu meu interesse pelo assunto, e foram vários os livros publicados. Conhecer a história da região é fator da maior importância para o desenvolvimento do turismo local. A atividade turística está diretamente ligada à cultura e, muitas vezes as pessoas não se dão conta de que, por falta de conhecimento, elas deixam de interferir positivamente no desenvolvimento turístico de nossa cidade. Isto que afirmo é dito por teóricos do turismo, como por exemplo, o professor doutor da USP, Mário Carlos Beni, dentre outros. Ele disse, em um encontro sobre turismo realizado na UESC, o seguinte: “enquanto a população local não se envolver, o turismo não acontece em uma localidade”. Portanto, não é esta simples professora de filosofia e aprendiz de escritora, a autora da idéia.
Já disse muitas vezes, e repito, que meu tempo de só criticar, já passou. Estou mais preocupada em perguntar, “o que posso fazer para ajudar”? Nada mais fácil do que descobrir erros e apontá-los. E nessa filosofia de fazer a minha parte tenho trabalhado nos últimos anos. Realizei inúmeras pesquisas, as primeiras, por conta própria, a maioria, com apoio da UESC. Publiquei livros, promovi seminários, cursos, palestras e, onde fui convidada, lá estava eu, presente, informando para os que me ouviam o que havia aprendido, pois entendo que o conhecimento que adquirimos, não deve ser guardado, mas multiplicado para o maior número possível, de pessoas.
São muitos anos de trabalho dedicados à pesquisa, buscando saber cada vez mais, e assim, entender o momento presente, pois é no conhecimento do passado que se compreende o presente. Tenho passado também por momentos de tristeza e decepção, quando vejo o que foi feito com a bela casa construída por D. Alina Carvalho e seu esposo, o suíço Robert Durand, mas, sobretudo quando vejo nosso centro histórico sendo, aos poucos, desfigurado, de tal forma que, se não tomarmos uma atitude urgente, vai se acabar. Aos poucos o patrimônio histórico da cidade está sendo substituído por construções modernas e, às vezes, de gosto duvidoso.
Posso justificar minha angústia contando um caso que me aconteceu há algum tempo, quando, passando pelo Bataclan, Sérgio, o guia mirim, me chamou e me apresentou a duas turistas paulistas. Conversamos bastante e elas afirmaram que vieram para Ilhéus, não em busca de praia, mas de sua história, e não estavam encontrando o que queriam porque ninguém fala dos acontecimentos históricos da região. Aliás, o que motivou meu interesse para estudar essa história, nasceu com a curiosidade dos turistas, quando construí minha pousada.
Bem, tudo isso é para dizer que “sou brasileira e não desisto nunca”. Vou continuar minha cruzada na luta pela divulgação da história de Ilhéus, vou continuar lutando para que as pessoas entendam que precisam, nem que seja para resolver seus problemas financeiros, por conta dos problemas da cacauicultura, aprender alguma coisa para contar ao turista interessado. Cada cidadão ilheense precisa estar convencido, se quiser que a cidade alcance um desenvolvimento turístico relevante, de que precisa se envolver na atividade, ainda que ele não seja pousadeiro, hoteleiro, taxista, ou seja, ligado diretamente à atividade turística.
Foi por causa da vontade de difundir o conhecimento da nossa história que um dia apresentei um projeto para o amigo Hamilton Fontes, proprietário da rádio Santa Cruz, de apresentar um programa cultural. Durante um bom tempo, diariamente, interagi com a população ilheense através do rádio. Depois o tempo foi ficando escasso e tive que deixar o programa, mas, ainda hoje, encontro pessoas na rua que dizem sentir falta de ouvir sobre nossa história. No final do ano passado o radialista Gil Gomes me convidou a participar do seu programa falando sobre nossa história. Estou vendo de que forma posso organizar meu tempo para atender ao seu convite.
Esta semana a coluna Sinal Fechado, sob o título Mau Exemplo, reclama dos artifícios que estão sendo usados para enganar os turistas que descem do navio e querem ver as fazendas de cacau. Ilhéus continua sendo a terra do cacau; é preciso apenas modificar a forma de mostrar isto ao turista. É preciso que haja planejamento para mostrar, de forma verdadeira, as atrações que devem ser trabalhadas na cidade. Por que não construímos uma pequena fazenda próxima à cidade que possa ser mostrada ao turista? Ou aproveitar alguma que esteja perto. A maior riqueza de um povo certamente está em seu patrimônio cultural. Mesmo que o cacau deixe de existir, Ilhéus sempre será a cidade do cacau.
Palácio Episcopal – belo exemplar do nosso patrimônio que pede socorro – daria um belo museu |
Ola Luiza
Sou seu leitor e admirador, seu blog me traz uma ótima sensação de que podemos sonhar com uma Ilhéus melhor.
Neste artigo você fala de uma coluna “Sinal Fechado” que fala sobre visitas a fazenda de cacau, não tive conhecimento e gostaria de saber do que se trata, seria a coluna do Anselmo Goes de o Globo? Poderia me mandar mais informações?
Como sabe trabalhamos com turismo rural aqui na Yrerê (esperamos sua visita), e temos muita dificuldades com taxistas e donos de vans, existem exceção é claro, preferem o rodízio rápido, levando vários grupos para as praias etc…
Sua informações poderá nos ajudar, sua visita também… venha para trocarmos umas idéias
Gerson e Dadá
Puxa vida, Gerson, como fico feliz de receber uma mensagem sua. Pode acreditar, que para mim, isso é muito importante.
Mas tem horas que me dá um desânimo… Parece que não vamos conseguir nunca.
E a coluna a que me refiro é do Diário de Ilhéus mesmo. (rsrsrs)
Há alguns dias indo para Itabuna, vi, ao passar pela Irerê, a opção de visitação e pensei seriamente nisso.
Mas, agora, com seu convite, vou acelerar esta visita e vamos fazer uma tremenda matéria para ver se nossos taxistas mudam de atitude.
Um grande abraço,
Maria Luiza
Êeee!!! é isso mesmo! Concordo que Ilhéus sempre será a terra do cacau, ainda que este desapareça completamente!
E também sou brasileira e não deisto nunca, e quero me envolver nessa luta de modificar a maneira de mostrar a Ilhéus do cacau aos turistas.
contem comigo!
Bjooo
Pois é, menina. O mais difícil é poder emprestar nossas lentes para que os outros vejam por elas. As visões simplistas do tipo “é assim mesmo, não podemos fazer nada”, ou de achar que o cacau tem “a cara de um coronel mau” e deve ser expurgado, e muitas outras como “essa coisa de poluição dos rios, do ar, dos oceanos é coisa de “ecochato” é tão complicada de superar.
E aí quando penso em desistir vem uma(s) mensagem(s) como esta sua e eu vou continuando. Você é responsável por isso.
Beijos,
Maria Luiza