Defender nosso patrimônio histórico
e artístico é alfabetização. (Mário de Andrade)
Edifício do Grupo Escolar. Com este título Francisco Borges de Barros, em seu livro Memória sobre o Município de Ilhéus, publicado em 1915, afirma que: “Está sendo edificado na Praça Castro Alves; bem ventilado, recebendo a viração pura do oceano. O edifício é de um só andar, tendo de frente vinte e cinco metros por 26,60 metros de fundo, tendo um porão de 2,50 metros de altura”.
“As salas para as aulas têm todas entradas independentes e são em número de oito, todas de área de 48 metros quadrados, calculadas para uma lotação de 40 alunos; são todas bem ventiladas e recebem luz direta. O edifício tem no centro um pátio com 120 metros quadrados, onde serão feitas as instalações sanitárias e higiênicas; de cada lado do prédio há uma área destinada ao recreio dos alunos”. O prédio foi inaugurado em 31 de dezembro de 1915, na gestão do Coronel Antonio Pessoa, intendente que o construiu. Como curiosidade da época, ainda permanece, na parte frontal, a divisão em “sexo feminino” e “sexo masculino”, tendo sido a primeira escola pública do município.
Posteriormente a escola foi chamada de Grupo Escolar General Osório. Durante muitas décadas foi uma escola exemplar, tendo sido frequentada por alunos de todas as classes sociais. Manoel Carlos Amorim de Almeida, presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Ilhéus, falecido há algum tempo, tinha muito orgulho de dizer que estudou lá.
Durante a Segunda Guerra Mundial o Exército requisitou as instalações do prédio, juntamente com as do IME para colocar uma base de apoio. Por todo este período, de 1915 até os anos noventa, salvo o período da guerra, a escola serviu ao município, educando suas crianças e formando cidadãos.
Mas os tempos mudaram. A escola, cujo porão também fora transformado em salas de aula, cresceu e o elegante prédio já não comportava os 1400 alunos ali instalados. Como a cidade carecia de uma biblioteca e de um arquivo público, o então prefeito Jabes Ribeiro, com apoio de grande parte da população, resolveu transferir os alunos para outras escolas mais próximas de suas residências; e transformou o General Osório na Biblioteca Pública Adonias Filho (parte superior) e Arquivo Público João Mangabeira (parte inferior), numa homenagem a dois ilustres grapiúnas.
A construção do prédio, segundo o professor Arléo Barbosa, lembra as da Belle Époque francesa, pois no Brasil ainda se dava valor a este estilo. Esta expressão, Belle Époque, está diretamente ligada ao período iniciado em 1871, um período romântico, onde acreditava-se que não haveria mais guerra, as mulheres passaram a ter maior participação social e o mundo melhoraria porque a ciência estava se desenvolvendo para resolver todos os problemas do homem, segundo a filosofia positivista.
A obra de transformação do prédio, realizada com apoio da Secretaria de Cultura do Estado, foi entregue ao público no ano de 2002. Quando da sua inauguração, um grande acervo de livros novos foi doado pelo estado, e sua administração era feita pela Fundação Cultural de Ilhéus.
Na época foi feito um convênio e a Biblioteca Púbica Municipal oferecia acesso gratuito à Internet, filmes, também gratuitos, para os estudantes das escolas públicas; realizava permanentemente exposições com o objetivo de comemorar eventos culturais importantes para os estudantes. O arquivo era muito procurado, não só por historiadores, mas principalmente por funcionários públicos, que necessitavam buscar documentos que antes eram completamente inacessíveis.
A partir de junho de 2003, Hélio Pólvora, presidente da Fundaci foi embora para Salvador e Jabes me designou para ocupar o seu lugar. As obrigações da Fundação, em termos administrativos dos equipamentos culturais, eram muitas, mas nunca deixamos de cuidar com muito carinho, deste patrimônio que é do povo de Ilhéus. Em abril ou maio de 2004, enviei um ofício ao prefeito solicitando que fosse feita uma nova pintura no prédio, no que fui prontamente atendida. De lá para cá, mais nada… Está completando sete anos que o prédio não vê manutenção.
Pois bem, agora este diário noticia que a Secretária de Educação, professora Lindiney Campos, pessoa por quem tenho a maior estima, procura um local para instalar a biblioteca e o arquivo público, porque o prédio corre sérios riscos estruturais.
Gostaria que a população de Ilhéus não perdesse a capacidade de se indignar diante da destruição do nosso patrimônio, solicitando ao Senhor Prefeito, e aos seus secretários, o devido respeito que merece este belo prédio que vai completar 100 anos.
Maria Luiza Heine
Fotos de 2004 depois da última pintura
É lamentável, antes mesmo de ser aberto a mídia e conhecimento de todos da situação do General Osório, já se comentava a situação problemática.Precisamos fazer algo para que, não ocorra o mesmo com a antiga fábrica de chocolate no terminal urbano.
Prezado Jonas,
Vou procurar informação no Ministério Público sobre o que podemos fazer para resolver o problema.
Depois te informo.
Abraços,
Maria Luiza
Maria Luiza, meu marido, Carlos Mascarenhas, já deu entrada numa ação civil pública pedindo providências urgentes para a restauração do prédio, e ontem fomos informados pela Dra. Karina Cherubini que saiu a liminar a favor, agora as coisas IRÃO acontecer!
A primeira vitória aconteceu! Obrigada Professora Maria Luiza Heine!
Muito bom, Bel. Gostei da notícia.
Abraços no Carlos.
É uma pena, Socorro, que tenha que ser desta forma.
Abraços,
Maria Luiza
Como sempre, antenada e preocupada com o descaso a que é submetido o nosso Patrimônio Arquitetônico e Histórico! Felizes somos nós , ilheenses, que contamos com vc, uma pessoa inteligente,sensível e guerreia!
Realmente, papai tinha muito orgulho de ter sido aluno do ´´ Prédio Escolar“ e com certeza, entristecido estaria ,se visse o General Osório nesta situação.
Ainda bem, que a Dra. Karina teve a sensibilidade de informar que saiu a liminar que autoriza a recuperação do belíssimo prédio.
Vamos aguardar!
Um abraço
Lolô Mendonça
Pois é, prima. É uma lástima ver nosso patrimônio se desmanchando, ou melhor, sendo desprezado.
Um beijo,
Maria Luiza
estudei no general Osorio nos anos 60 o qual tinha um apelido de gato osado