Silva Campos diz, em seu livro, Crônica da Capitania de São Jorge dos Ilhéus (p. 133) que, por volta do ano de 1730, a pressão dos índios fez com que alguns brancos se retirassem para a região do sul da vila de São Jorge, acreditando que ali poderiam viver melhor. Estabeleceram-se nas margens do rio Una-mirim, no sítio denominado Coroanhas, entregando-se à extração de madeiras de lei, e à cultura da mandioca, donde resultou devastarem a riquíssima floresta que cobria aqueles terrenos, na distância de quatro léguas das margens sobre uma frente bastante extensa. Assim viveram cerca de seis anos, trabalhando em paz. Eis, porém, que o gentio pataxó, acossado pelas bandeiras que então varriam o sertão, irrompeu pelo vale do rio abaixo afugentando-os, forçando-os a se retirarem em massa, embora saíssem dali “ricos e poderosos”.
A extração da madeira de lei, que foi a primeira atividade exercida pelos colonos portugueses, devastou nossas matas. O jacarandá, que era abundante, logo se tornou artigo cobiçado em todos os lugares, sendo comum encontrarmos em museus europeus grandes peças do mobiliário dos nobres, feitas em jacarandá-da-bahia.
Mas que árvore é esta? Quais as suas características? Por que é tão valorizada?
Seu nome científico é “dalbergia nigra”, árvore da família das leguminosas, também chamada de jacarandá, jacarandá-da-bahia, jacarandá-preto, caviúna, graúna, dentre outros, segundo o site http://clubedasemente.org.br/fma.html.
Suas características morfológicas são as seguintes: possui altura de 15 a 20 metros, com tronco de 40 a 80 cm de diâmetro e folhas de 5 a 8 cm. Embora tenha recebido Bahia em sua denominação, pode ser encontrada, também, no Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, na floresta pluvial atlântica. É uma madeira moderadamente pesada, segundo informações do site, decorativa, muito resistente e de longa durabilidade natural.
Foi uma madeira muito utilizada na confecção de mobiliário de luxo, sendo mundialmente conhecida sua utilização na fabricação de instrumentos de corda e de pianos. Também foi muito utilizada em peças de acabamento interno na construção civil como em portas, lambris, rodapés e revestimentos de móveis.
A árvore é bastante ornamental, principalmente pela folhagem delicada e pela forma da sua copa, sendo, por isso, utilizada em paisagismo. É uma planta rústica adaptada a terrenos secos, podendo ser utilizada para plantio em terrenos degradados de preservação permanente. O jacarandá pode ser encontrado, tanto no interior da mata primária densa, como nas formações secundárias, inclusive em cortes de barrancos. Produz grande quantidade de sementes por ano e pode crescer a partir da raiz. Floresce durante os meses de setembro a novembro e a maturação dos frutos ocorre nos meses de agosto e setembro.
É uma das mais valorizadas madeiras brasileiras e foi explorada desde o início do período colonial. Sem ocorrer reposição, sem replantio, foi ficando rara, tendo quase desaparecido, assim como o pau Brasil. Uma das dificuldades para o brotamento das sementes é que elas são utilizadas por roedores como alimento. O desequilíbrio ecológico, a diminuição do número de cobras, predador natural dos ratos, tem aumentado a população destes últimos, o que não é bom para a manutenção da Mata Atlântica.
Atualmente as questões ambientais estão sendo muito enfatizadas, porque o assunto é grave, é sério, e precisa ser enfrentado com responsabilidade por parte das autoridades, mas também pela sociedade civil, que tem a obrigação de lutar por qualidade de vida e por um planeta mais habitável. A característica mais marcante da Terra, como nossa casa, é a sua capacidade intrínseca de sustentar a vida. Uma comunidade humana sustentável tem que ser feita de tal maneira que seus modos de vida, negócios, economia, estruturas físicas e tecnologia não prejudiquem a capacidade intrínseca de sustentar a vida.
O jacarandá-da-bahia, além de patrimônio natural, é patrimônio cultural do nosso povo e precisa ser replantado. Não importa se não veremos seu crescimento, mas as gerações vindouras poderão apreciá-las.
Informações obtidas no site http://clubedasemente.org.br/fma.html
Fotos retiradas da internet
Será um fim trágico para quem tanto nos serviu,e no mínimo irresponsável para a humanidade não perceber o quanto ela se aproxima do seu fim a medida que não cuida do seu habitat,dos seres vivos que aqui a complementam.